Os professores que me contaram tais fábulas, responsáveis pelo nascimento de tantos anseios e devaneios, foram de igual forma responsáveis por diversos de seus velórios, tal qual a citação de Cazuza: “meus heróis morreram de overdose”, assim também vi meus sonhos morrerem, meus heróis falharem e meu mundo desfalecer. Os exagerados sempre fizeram alguma coisa, fizeram revoltas, fizeram greves, fizeram a diferença de certa forma. Colocamos rédeas sociais em nossas bocas, mentes e olhos, onde em meio a mortes e caos buscamos vida e ordem. Mas e hoje? Eles ainda existem? Não gosto dos exageros de hoje. Mesmo tendo por consciência o conceito de colheita, já não se planta mais, tamanha é a ânsia pela colheita.
Não se busca mais ‘ser’ intensamente, mas sim ‘ter’. E ainda se ‘ter’ fosse algo que valesse, mas o até o valor, hoje em dia não faz mais o mesmo sentido. Precisamos de exemplos, precisamos de pessoas perfeitas para nos basear, mas não estamos dispostos a sermos irrepreensíveis, eis então a controvérsia. ‘Ter’ passou a ser ‘adquirir’, e tem mais ‘valor’ quem mais adquiri. Pudera eu sonhar com a mudança proposta por Oswaldo Montenegro no poema: http://migre.me/rP9Q . Não se busca mais conhecimento por si mesmo, mas, sim, para se destacar dos demais, e assim, ‘ter’ mais. Se for assim, prefiro não ter. Um detalhe a ser ressaltado é que para que haja um “de agora em diante”, precisamos de um basta, mas quando e quem? Prefiro continuar sem nada, e continuar SENDO. Com intensidade, com verdade, com exagero. Não basta ser diferente, mas sim fazer a diferença.