sexta-feira, 18 de junho de 2010

obs

Só quero falar sobre algo que estava pensando dias atrás...
Em meio à muitas revira voltas na minha vida e coisas para me decidir, eu comecei a refletir sobre os meus planos, coisas que tomei como objetivos em minha vida (muitas ainda não alcancei); também sobre algumas metas que fiz (inclusive tenho um blog para isso), as quais pus um prazo de 1001 dias para realizar (quem quiser conferir entre aqui) e pensando sobre isso me veio uma questão... Por quê?
Essa pergunta tem uma razão. Comecei lembrando da minha infância (da qual, por sinal, tenho muita saudade); Era tudo tão despreocupado, tão sem ambições e, ao mesmo tempo, tão intenso, tão bem vivido. Quando a gente é criança, preocupação é uma palavra que ainda não existe no dicionário, frustração muito menos... Primeiro motivo para isso é: Nossos pais são superpoderosos. Tudo que necessitamos, queremos e merecemos são eles que nos dão. Não preciso nem citar quais os itens desta lista imensa de coisas que eles fazem e refazem por nós, filhos. Segundo motivo (que poderia ser o primeiro): Tudo são descobertas. Desde o momento que entramos nesse mundo doido, descobrimos. Por isso tudo é tão intenso, imagina, tudo é novo! Começamos por descobrir as mãos, os pés, a voz... A coisas... Pra ver isso é só dar uma caneta na mão de um bebê: Tem entretenimento por pelo menos uns 10 minutos. E assim por diante. Depois começamos a descobrir nossos sentimentos, nossas tendências, nossos talentos... Novidades são sempre boas, e, enquanto elas existem naturalmente, não existe monotonia.
Mas aí chega o tempo em que nos tornamos adultos. Se passa a fase da descoberta, se passa a fase da despreocupação e começa a fase em que acaba a moleza. Ser adulto, às vezes, parece sinônimo de fazer planos... Vivemos sempre fazendo planos e mais planos e quando realizamos um, logo em seguida esse já é substituído por outro, e depois por outro, e outro. Qual a graça? A maioria dos adultos que conheço sente saudade da infância; e se a infância é boa, porque vivemos intensamente, descobrindo coisas, sem nos preocuparmos com o depois... Touché! É assim que eu quero viver. É o meu corpo que envelhece, e se eu quiser não preciso acompanha-lo... Quero viver como criança. Quero desvendar, aprender e viver um segundo de cada vez.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Tesouro no envelope

Oi, tudo bem?

Para iniciar o texto que segue, devo explicar algumas coisas que aconteceram na última semana: eu assisti “Le fabuleux destin d'Amélie Poulain” (O Fabuloso Destino de Amélie Poulain), passei muito tempo pensando e auxiliei meus pais na mudança de apartamento. Tenho mania de guardar cartas, bilhetes, desenhos de caderno e coisas que são importantes no momento e descartáveis na sequência. Meu quarto é pequeno, portanto tratei de jogar muitas dessas coisas fora e li TODAS as cartas, verificando sua relevância. Cartas de amigas, amigos e namoradas... Cada uma com características próprias. Foi muito bom! Adiante seguirão trechos de textos que escrevi nessa época:

“(...) Sonhei com dois arco-íris que cortavam o céu durante a noite. Era bonito. O tipo de coisa linda que nunca verei acordado, ou enquanto viver sob essas leis físicas do mundo ‘real’ – o que me deixa deveras frustrado quanto à árdua tarefa de passar a maior parte do tempo acordado. Viver me deixa louco (...)”.

“Por vezes teus olhos me falam muito mais que tua boca e fico feliz por tê-los conquistado, conclusão essa tirada uma vez que traíram-te ao me mostrar quem és, teu brilho, teu cheiro. Ele é o portal para teu sincero sorriso e honesta lágrima. Foda-se quem sou, foda-se quem és. Somos e o simples fato de sermos nos basta. Descomplique, floresça, desabroche tua verdadeira essência. Acredite, pois eu te acredito (...)”.

E para concluir, eu assistia “The Wonder Years” (Anos incríveis) e um episódio que eu adoro se inicia com a seguinte narração: “Houve uma época em que o mundo era enorme, estendendo-se até os limites quase infinitos da nossa vizinhança... O lugar onde crescemos... Onde não pensamos duas vezes antes de brincar no gramado de outra pessoa e a rua era nosso território, invadido, ocasionalmente, por um carro que passava. Lá ninguém nos chamava quando escurecia e conhecíamos todas as pessoas tão bem quanto as coisas de nosso quarto e sabíamos que elas nunca iriam mudar (...)”.

Estou deveras sensibilizado com tudo que li. Tudo mudou, mas sei que todos que se foram, moram em mim e, não me importo com a reciprocidade. Recordações são cicatrizes e algumas eu carrego com certo orgulho.

Não escrevi trechos das cartas por acreditar serem muito pessoais e não quero expor esse meu tesouro, mas viajar ao passado nos faz repensar o modus vivendi, a forma como encaramos os fatos atuais. Uma letra que carrega esse sentimento é “Aquela Coisa Toda” (clique aqui), de onde podemos retirar frases como: “O fato é que a gente perdeu toda aquela magia”, “A porta dos meus quinze anos não tem mais segredo”, “e velha tão velha ficou nossa fotografia”...

Essa letra inteira exprime bem o que sinto, mas o meu passado não á apenas um fantasma vagando, me assombrando, mas sim algo que me acompanha e faz com que pessoas, como a minha avó, permaneçam vivas dentro de mim, independentemente da distância, do tempo ou qualquer outra barreira. É uma questão inversamente proporcional (matemática) de forma que quanto mais pessoas carrego em mim, mais e mais eu quero/posso carregar, e se não as carrego, não posso incluir ninguém no meu coração.


Amo muito vocês!

domingo, 2 de maio de 2010

Aos ocupados

Como combinado, agora é a vez da Mili (eu) postar... A demora foi falha minha, mas tudo tem sido por boas causas.

Em algumas de minhas idas e vindas, de estação em estação, pude olhar para as pessoas, e olhando pude analisa-las, e essa analise, mesmo que superficial, me fez pensar em algo óbvio, mas esquecido - ou poderia eu dizer, ignorado - por tanta gente: as pessoas trabalham demais! não digo isso por não querer, ou não gostar de trabalhar, embora muitos estejam pensando exatamente isso de mim, eu também trabalho e amo o que faço (que, aliás, é novo e estou muito feliz com isso), mas, ainda assim, existem certas coisas das quais não abro mão nem pelo trabalho, ou coisa qualquer nesse mundo... Não abro mão dos almoços em família, nem passar a tarde com meus sobrinhos, nem de tomar chimarrão com meus amigos, ou de ficar de bobeira num domingo à tarde; não aceito nem a hipótese de trocar uma sombra de árvore com a brisa suave do verão batendo no rosto por trabalho qualquer nesse mundo, se esse me privasse disso.

Mas muita gente troca. Eu ainda não consigo entender o porquê. Muitas delas até já esqueceram o que é não estar preocupado com horários, responsabilidades e obrigações; esqueceram o que é sentar na grama numa tarde de sol, pedindo a Deus que não chova para poder ficar até os últimos raios de sol darem lugar as estrelas, e se possível, permanecer ali e admira-las. Ok, confesso, eu nunca fiz isso exatamente assim, mas o desejo não me falta.

Hesito, apenas, em acreditar que essa busca incessante por realização profissional tem como objetivo principal o lucro; apesar de que quase tudo nessa vida visa exatamente isso - o lucro - meu lado esperançoso anseia que não seja só isso. Se, para minha tristeza, for só isso, não será de surpreender, mas se for para alcançar felicidade, eu tenho uma receita simples, com ingredientes comuns que fazem o mesmo efeito, mas com muito mais eficácia... Anote: Um dia de sol, uma árvore que faça sombra, um(s) amigo(s) querido(s) e um bom papo; tendo isso, o resto acontece.

Mili

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Linha torta com alguns nós

Oi, tudo bem? Eu vou bem.

A Mili está com a semana muito corrida, portanto não teve disponibilidade para escrever essa semana, pois está iniciando outros projetos. Eu tenho domínio sobre o que lerã
o a seguir.

Não é engraçado? Uma pessoa desconhecida definindo o que vamos ler? Quando temos uma conversa, normalmente sabemos a respeito do outro, além de poder interromper, frisar nossas concordâncias e discordâncias, mudar de assunto, mas no caso de um texto, não temos tais privilégios, apenas questões interpessoais, de modo que a única linha de raciocínio a ser seguida é a minha e, cá entre nós, não é uma linha reta, tampouco confiável.

Frequentemente coloco-me a pensar sobre assuntos que iniciam uma pesquisa mais a fundo. Atualmente tenho priorizado pensamentos a respeito de relacionamentos e amizades na pós-modernidade. Não tenho base filosófica ou sociológica para discutir a respe
ito desses assuntos, mas não necessito deles para discorrer a respeito das minhas observações.
Não são poucas as pessoas que partilham dos seguintes sintomas: inversão do ciclo de sono, isolamento, perda de interesse por atividades anteriormente agradáveis, apatia, descuido com a higiene pessoal, ideias bizarras, comportamentos poucos habituais, dificuldades escolares e profissionais, entre outras, assim não me causa estranheza pensar numa geração esquizofrênica. Temos dificuldade na separação do real e do virtual. Afogamos nossa solidão nos aparelhos de mp3 e no nosso consumismo, pra que tudo isso?

Certa vez ouvi a seguinte frase “se nós tivéssemos amizades profundas, verdadeiras, muitos psicólogos e psiquiatras estariam desempregados”. Concordo em parte. Os relacionamentos nascem desgastados, superficiais e não nos faltam ferramentas para que façamos sua manutenção. Não há um ombro amigo num MSN, nem uma twitada relativa a um abraço apertado. Nossa carência tem gerado outras, num ciclo lancinante, nos tornamos seres egoístas, não mais nos doamos em favor de ninguém. Existe muita coisa a se fazer, maneiras simples de proceder, e não estou falando de ceder o lugar para alguém sentar no metrô, ou inundar seu redor com cumprimentos, “bom dia”.

Existe muito, além do nosso umbigo, mas, motivados pelo medo e pelo espanto da nossa imagem/realidade/reflexo, fazemos jus a letra de Cazuza: “eu vou pagar a conta do analista pra nunca mais ter que saber quem eu sou”, tomamos medidas de modo que “a gente repete que quer, mas não busca e de modo abstrato se ilude que fez”, não agindo, nos conformando.

Meu objetivo é influenciar sua reflexão a respeito do assunto. Sejamos honestos conosco, lutemos, façamos algo real. O tempo não para, mas nós estamos estagnados, perdendo oportunidades que não se repetem. Muito mais poderia ser dito, mas prefiro parar agora. Podemos mudar o mundo, se não o mundo todo, o NOSSO MUNDO.

Amo vocês.


Piva

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Segredo e descoberta

Há tempos ganhei de uma pessoa amada um item de valor inestimável: um travesseiro que sussurra. Nos dias que se passam me pego atravessando por uma fase que é tradicional (em outras palavras “um clichê”) de todo jovem que se preze... Já ouvi diversas de suas histórias, mas na noite de ontem discutimos, de certa forma, constituímos uma guerra de travesseiro literal. A chamada “crise existencial”. Ao longo do debate, tal qual uma criança que se recusa a ouvir minhas justificativas, ele tampou-me os ouvidos. Nada drástico, apresso em informar, apenas um momento de interrogações, retóricas pessoais e argumentos. E, ao invés de me ninar, transbordou-me dúvidas e questionamentos. Mas, também, de certa desilusão por tantas decisões frustradas (ou não).

Possuindo respostas para algumas, me mantive calado, não mais por não poder falar, mas por preferência. Entretanto, como que um oásis em meio ao deserto que atravesso, um acontecimento me trouxe esperança. Como se eu tivesse um perfume dentro de um frasco tampado e, mesmo desejoso de que os outros sentissem esse aroma, mantivesse-o fechado. Algo que não esperava nesse momento, muito menos com tais adendos. Ficaria aliviado se essa situação (a omissão) me fosse desconhecida. Meu lado realista, em defesa de meu ego, não me deixa criar expectativas. Não passaria de mais um devaneio, mas é essa uma prática constante no meu modus vivendi. Com intuito de evitar frustrações, as quais tanto temo. É-me de maior interesse permitir que os terceiros tirem suas conclusões a frisar minha opinião. Pés no chão. Pudera eu compreender os limites onde minha omissão respeita a interpretação alheia e desrespeita minha integridade/imagem. Porém, é como se me fosse aberta uma porta e atravessando ela descubro um mundo de possibilidades, mas só vai depender de mim ficar no hall ou adentrar na casa inteira.

Se a fantasia é necessária ou ansiada, fantasio-me do que sou e tal qual um filme “cult”. Ademais, uma coisa me foi permitido aprender: Nada se frustrou; tudo que escolhi cumpriu exatamente o seu propósito, que é fazer de mim o que sou aqui e agora, me colocando exatamente onde devo estar. Não me importo em mostrar o que querem ver, mas sim o que sou, de forma integral e honesta. E em meio a tantas confusões e divagações, eu só peço uma coisa... Que meus pés no chão não me impeçam, mas me impulsionem a alçar voo.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Pra que tudo isso?

Sempre gostei de exageros... Por que abrimos mão de nossos sonhos com tanta facilidade? Aliás, sempre admirei os exagerados e, de certa forma os invejei (com uma inveja boa, se é que isso existe). Lembro-me de lições infantis que incentivaram a busca perseverante de sonhos, sem questionar suas possibilidades, cores, tamanhos, custos. Antes, pessoas exageradas não se intitulavam de tal forma, elas apenas eram sem medo; sem medo do que os outros pensavam, sem medo das consequências, porque, afinal de contas, as consequências são apenas a continuação que a vida dá para aquilo que começamos a escrever em nossas histórias.

Os professores que me contaram tais fábulas, responsáveis pelo nascimento de tantos anseios e devaneios, foram de igual forma responsáveis por diversos de seus velórios, tal qual a citação de Cazuza: “meus heróis morreram de overdose”, assim também vi meus sonhos morrerem, meus heróis falharem e meu mundo desfalecer. Os exagerados sempre fizeram alguma coisa, fizeram revoltas, fizeram greves, fizeram a diferença de certa forma. Colocamos rédeas sociais em nossas bocas, mentes e olhos, onde em meio a mortes e caos buscamos vida e ordem. Mas e hoje? Eles ainda existem? Não gosto dos exageros de hoje. Mesmo tendo por consciência o conceito de colheita, já não se planta mais, tamanha é a ânsia pela colheita.

Não se busca mais ‘ser’ intensamente, mas sim ‘ter’. E ainda se ‘ter’ fosse algo que valesse, mas o até o valor, hoje em dia não faz mais o mesmo sentido. Precisamos de exemplos, precisamos de pessoas perfeitas para nos basear, mas não estamos dispostos a sermos irrepreensíveis, eis então a controvérsia. ‘Ter’ passou a ser ‘adquirir’, e tem mais ‘valor’ quem mais adquiri. Pudera eu sonhar com a mudança proposta por Oswaldo Montenegro no poema: http://migre.me/rP9Q . Não se busca mais conhecimento por si mesmo, mas, sim, para se destacar dos demais, e assim, ‘ter’ mais. Se for assim, prefiro não ter. Um detalhe a ser ressaltado é que para que haja um “de agora em diante”, precisamos de um basta, mas quando e quem? Prefiro continuar sem nada, e continuar SENDO. Com intensidade, com verdade, com exagero. Não basta ser diferente, mas sim fazer a diferença.