quarta-feira, 12 de maio de 2010

Tesouro no envelope

Oi, tudo bem?

Para iniciar o texto que segue, devo explicar algumas coisas que aconteceram na última semana: eu assisti “Le fabuleux destin d'Amélie Poulain” (O Fabuloso Destino de Amélie Poulain), passei muito tempo pensando e auxiliei meus pais na mudança de apartamento. Tenho mania de guardar cartas, bilhetes, desenhos de caderno e coisas que são importantes no momento e descartáveis na sequência. Meu quarto é pequeno, portanto tratei de jogar muitas dessas coisas fora e li TODAS as cartas, verificando sua relevância. Cartas de amigas, amigos e namoradas... Cada uma com características próprias. Foi muito bom! Adiante seguirão trechos de textos que escrevi nessa época:

“(...) Sonhei com dois arco-íris que cortavam o céu durante a noite. Era bonito. O tipo de coisa linda que nunca verei acordado, ou enquanto viver sob essas leis físicas do mundo ‘real’ – o que me deixa deveras frustrado quanto à árdua tarefa de passar a maior parte do tempo acordado. Viver me deixa louco (...)”.

“Por vezes teus olhos me falam muito mais que tua boca e fico feliz por tê-los conquistado, conclusão essa tirada uma vez que traíram-te ao me mostrar quem és, teu brilho, teu cheiro. Ele é o portal para teu sincero sorriso e honesta lágrima. Foda-se quem sou, foda-se quem és. Somos e o simples fato de sermos nos basta. Descomplique, floresça, desabroche tua verdadeira essência. Acredite, pois eu te acredito (...)”.

E para concluir, eu assistia “The Wonder Years” (Anos incríveis) e um episódio que eu adoro se inicia com a seguinte narração: “Houve uma época em que o mundo era enorme, estendendo-se até os limites quase infinitos da nossa vizinhança... O lugar onde crescemos... Onde não pensamos duas vezes antes de brincar no gramado de outra pessoa e a rua era nosso território, invadido, ocasionalmente, por um carro que passava. Lá ninguém nos chamava quando escurecia e conhecíamos todas as pessoas tão bem quanto as coisas de nosso quarto e sabíamos que elas nunca iriam mudar (...)”.

Estou deveras sensibilizado com tudo que li. Tudo mudou, mas sei que todos que se foram, moram em mim e, não me importo com a reciprocidade. Recordações são cicatrizes e algumas eu carrego com certo orgulho.

Não escrevi trechos das cartas por acreditar serem muito pessoais e não quero expor esse meu tesouro, mas viajar ao passado nos faz repensar o modus vivendi, a forma como encaramos os fatos atuais. Uma letra que carrega esse sentimento é “Aquela Coisa Toda” (clique aqui), de onde podemos retirar frases como: “O fato é que a gente perdeu toda aquela magia”, “A porta dos meus quinze anos não tem mais segredo”, “e velha tão velha ficou nossa fotografia”...

Essa letra inteira exprime bem o que sinto, mas o meu passado não á apenas um fantasma vagando, me assombrando, mas sim algo que me acompanha e faz com que pessoas, como a minha avó, permaneçam vivas dentro de mim, independentemente da distância, do tempo ou qualquer outra barreira. É uma questão inversamente proporcional (matemática) de forma que quanto mais pessoas carrego em mim, mais e mais eu quero/posso carregar, e se não as carrego, não posso incluir ninguém no meu coração.


Amo muito vocês!

domingo, 2 de maio de 2010

Aos ocupados

Como combinado, agora é a vez da Mili (eu) postar... A demora foi falha minha, mas tudo tem sido por boas causas.

Em algumas de minhas idas e vindas, de estação em estação, pude olhar para as pessoas, e olhando pude analisa-las, e essa analise, mesmo que superficial, me fez pensar em algo óbvio, mas esquecido - ou poderia eu dizer, ignorado - por tanta gente: as pessoas trabalham demais! não digo isso por não querer, ou não gostar de trabalhar, embora muitos estejam pensando exatamente isso de mim, eu também trabalho e amo o que faço (que, aliás, é novo e estou muito feliz com isso), mas, ainda assim, existem certas coisas das quais não abro mão nem pelo trabalho, ou coisa qualquer nesse mundo... Não abro mão dos almoços em família, nem passar a tarde com meus sobrinhos, nem de tomar chimarrão com meus amigos, ou de ficar de bobeira num domingo à tarde; não aceito nem a hipótese de trocar uma sombra de árvore com a brisa suave do verão batendo no rosto por trabalho qualquer nesse mundo, se esse me privasse disso.

Mas muita gente troca. Eu ainda não consigo entender o porquê. Muitas delas até já esqueceram o que é não estar preocupado com horários, responsabilidades e obrigações; esqueceram o que é sentar na grama numa tarde de sol, pedindo a Deus que não chova para poder ficar até os últimos raios de sol darem lugar as estrelas, e se possível, permanecer ali e admira-las. Ok, confesso, eu nunca fiz isso exatamente assim, mas o desejo não me falta.

Hesito, apenas, em acreditar que essa busca incessante por realização profissional tem como objetivo principal o lucro; apesar de que quase tudo nessa vida visa exatamente isso - o lucro - meu lado esperançoso anseia que não seja só isso. Se, para minha tristeza, for só isso, não será de surpreender, mas se for para alcançar felicidade, eu tenho uma receita simples, com ingredientes comuns que fazem o mesmo efeito, mas com muito mais eficácia... Anote: Um dia de sol, uma árvore que faça sombra, um(s) amigo(s) querido(s) e um bom papo; tendo isso, o resto acontece.

Mili